Garçonne

Garçonne

Que estranho será, para as gerações mais novas, imaginar que as mulheres já tiveram de desempenhar um papel imposto pela sociedade, que excluía a afirmação da sua individualidade. Já perguntava, a cantar, Sérgio Godinho: “Pode alguém ser quem não é?”.

Houve um período da História em que não só se conjugaram circunstâncias que resultaram na conquista dessa afirmação por parte das mulheres, como ainda o fizeram de uma forma irreverente, alegre e cheia de estilo.

Os anos vinte do século passado — popularmente designados Loucos Anos 20 (ou até, no inglês, “The Roaring 20s”) — viram as mulheres romperem com os modelos impostos. Até então, estas estavam condicionadas a uma forma pré-determinada de estar e de se relacionar em sociedade, que se manifestava também na maneira de vestir — simbolizada pela utilização de um tradicional acessório: o espartilho, que iria cair em desuso a partir dessa altura.

Após os tempos difíceis da Grande Guerra (1914–1918), Portugal mostrou-se em sintonia com as inovações em curso nas capitais europeias e americanas a vários níveis: desde a literatura, pintura e passando até pelo teatro de revista (notável pela sua vertente visual bastante ousada para a altura). Neste contexto, as mulheres assumiram também várias mudanças, impelidas pelo reencontro com o espírito de liberdade e alegria de viver. Livraram-se assim não só do espartilho, como também da forma de vestir que lhes cobria o corpo integralmente, acrescentava curvas generosas e impedia movimentos desembaraçados.

Fotografia de quatro espetadores num concurso hípico em Lisboa, tirada em 1927. Na fotografia vê-se três senhoras e um senhor, com roupas à estilo garçonne como a saia pelo joelho ou corte de cabelo "à Beatriz Costa".

Concurso hípico. Lisboa, Portugal. Espectadores. Mário Novais (1899–1967). Data da produção da fotografia original 1927. Fonte: Biblioteca de Arte Fundação Calouste Gulbenkian.

Criaram assim, sobretudo as jovens, um estilo por vezes andrógino, caracterizado pelo corte de cabelo curto, “à la Garçonne”, maquilhagem forte (com as novidades do batom, rímel, lápis de sobrancelhas, sombra e verniz) e vestuário de linhas direitas com decotes amplos e braços desnudos. Passaram a usar também a saia subida ao joelho, o vestido preto ou muito colorido curto e elegante, dando destaque ao sapato e à meia, até aí quase irrelevantes.

Fotografia do candeeiro de mesa Garçonne, no acabamento Ouro Velho.

Candeeiro de mesa Garçonne, em acabamento Ouro Velho. © After Hall 2024

De forma a homenagear estas mulheres, bem como estes tempos loucos e marcantes a tantos níveis, a equipa After Hall desenvolveu aquilo que acreditamos ser a materialização destes conceitos. O resultado é o nosso candeeiro de mesa Garçonne que, com a sua figura complexa e de corpo robusto graças ao latão, nos presenteia com a garra e coragem de toda essa geração de mulheres modernas que conseguiram afirmar-se e libertar-se das regras impostas pela sociedade da altura. Já as suas cores — Ouro Velho, Porto, Cordovil e Rosa Real — evocam o charme, a ousadia e a alegria de viver tão presentes nesta época singular.

Fotografia dos vários acabamentos disponíveis do candeeeiro Garçonne: Porto, Rosa Real, Cordovil e Ouro Velho.

Acabamentos disponíveis (da esq. para a dir.): Porto, Rosa Real, Cordovil e Ouro Velho. © After Hall 2024

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Foto de capa: À esquerda: Concurso Hípico, Lisboa, Portugal. Fotografia sem data. Fotógrafo: Mário Novais (1899-1967). À direita: Beatriz Costa. Fotografia sem data. Produzida durante a actividade do Estúdio Mário Novais: 1933-1983. Fonte: Biblioteca de Arte Fundação Calouste Gulbenkian.