Hoje em dia, é-nos familiar sentir o impulso de querer partilhar imediatamente uma publicação, um vídeo, uma imagem, pertinente por uma qualquer razão, que nos chegue pelas redes sociais. Torna-se irresistível participar neste fenómeno da era digital quando, quase tudo, é viral à escala planetária.
Mas, com as devidas distâncias e proporções, uma publicação impressa em papel, fora da caixa, a tirar-nos da nossa zona de conforto, qual pedrada no charco, polémica, a provocar discussão, a pôr em causa um determinado status quo… podia acontecer no longínquo início do século XX! E, sem qualquer ligação à rede!
Por essa altura, os jornais eram o meio mais comum para divulgar informação e notícias. Mas foi no formato de revista impressa, mais dado a uma abordagem tão específica quão aprofundada dos temas, devido à sua periodicidade menos frequente, que um grupo de jovens escritores e artistas — como Fernando Pessoa (1888–1935), Mário de Sá-Carneiro (1890–1916), Almada Negreiros (1893–1970), entre outros — conseguiu pôr o foco sobre si mesmo: sobre os seus trabalhos e sobre o assunto da modernidade e do vanguardismo, em contraste à visão predominante da época, mais virada para o passado.

Fila de cima (da esq. para a dir.): Fernando Pessoa (1888–1935), Amadeo de Souza-Cardoso (1887–1918), Almada Negreiros (1893–1970), Santa-Rita Pintor (1889–1918). Fila de baixo (da esq. para a dir.): José Pacheco (1885–1934), Luís de Montalvor (1891–1947), Mário de Sá-Carneiro (1890–1916), Alfredo Pedro Guisado (1891–1975). Fonte: Wikimedia Commons
Isso aconteceu em Portugal, em março de 1915, com o lançamento da revista Orpheu, que introduziu nos domínios artístico e literário novidades sobretudo de forma e de estilo, que geraram ondas de choque e escândalo através da imprensa da época. Apesar da sua vida curta, que contou com apenas duas publicações, foi de tal forma marcante que ainda hoje identificamos todo o movimento modernista em Portugal como a Geração d'Orpheu.

Este meio de informação, a revista, veio a ser então, no início do século XX, um dos veículos preferenciais do movimento modernista em Portugal, na forma de dar enfoque não só à vertente literária, mas também à ilustração gráfica.
Desta forma, surgem outras revistas que seguem o caminho já pavimentado pela Orpheu, como é o caso da Sphinx, lançada em 1917, que, não sendo exatamente um exemplo de rutura, apresentava um modelo que incluía, para além da vertente literária e de ilustração gráfica, a publicidade! Dela destacaram-se figuras multidisciplinares como Leitão de Barros (1896–1967) e Cottinelli Telmo (1897–1948).

Capas da revista Sphinx, n.º 1 e n.º2, respetivamente. Fonte: MODERNISMO - Arquivo Virtual da Geração de Orpheu.
Dez anos depois da revista Orpheu, em 1924, surge Athena, que, com uma vida mais longa do que a antecessora, contou com a intervenção de alguns dos mesmos responsáveis, como Fernando Pessoa, revelando consigo os nomes de Ricardo Reis e Alberto Caeiro pela primeira vez. Deu também mais destaque às artes plásticas e à arquitetura, sob a direção de Ruy Vaz (1891–1955).

Capas da revista Athena, n.º 1 a n.º5. Fonte: MODERNISMO - Arquivo Virtual da Geração de Orpheu.
Estas são apenas algumas das variadas revistas que surgiram durante o nascimento (e vida) do Modernismo em Portugal. Todas diferentes, mas todas com um desígnio comum — o propósito de divulgar um tema, um artista ou um movimento; iluminando um trabalho, uma obra de arte. Desenvolvemos então peças que têm, nesse aspeto, o mesmo objetivo: dar foco e destaque a criações artísticas. Falamos dos nossos Ilumina-quadros da coleção Geração d'Orpheu!

Ilumina-quadros Sphinx (esq.), Athena (canto superior dir.) e Orpheu (canto superior esq.), no acabamento Azul Fronteira com Latão Escovado. © After Hall 2024
Também achámos serem dignos de receber nomes alusivos a algumas dessas revistas, não só por esse papel em comum, que cumprem brilhantemente, como por exibirem um design que reúne princípios dos modernistas, no seu despojamento de ornamentação, na simplicidade das suas linhas, no recurso a acabamentos naturais dos metais, em conjugação com tons da época. E claro, para trazerem à luz do dia esses exemplos de um movimento marcante para a nossa cultura.

Acabamentos disponíveis: Azul Fronteira e Latão Escovado (canto superior esq.), Cordovil e Níquel Escovado (centro primeira fila), Ouro Velho (dir.), Níquel Escovado (canto inferior esq.), Porto e Latão Escovado (centro segunda fila). © After Hall 2024
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Foto de capa: Almada Negreiros, [1954], FGG /DEP-AN. Fonte: MODERNISMO - Arquivo Virtual da Geração de Orpheu.