Dos muitos pontos de interesse que nos suscita Josefa de Óbidos (1630–1684), uma artista que soube impor-se na área das Belas Artes, mais precisamente nas Artes Plásticas, encanta-nos especialmente o distinto toque feminino que imprimiu às suas obras. Repare-se que, na época, estas atividades eram circunscritas a artistas homens e determinadas pelo gosto de… Senhores. E, portanto, o que aos olhos de hoje poderá ser natural, para aquela altura não o era de todo (pelo menos na periferia ibérica da Europa).
Não é desconcertante, quase provocador, o tratamento dado pela artista ao tema religioso do Agnus Dei, ou cordeiro pascal, ao ser retratado num cenário típico do Barroco, deitado de patas atadas, sobre um fundo negro, mas envolvido por coloridas flores, que desanuviam o ambiente de tamanho e infortúnio destino e concedem alguma dignidade à vida e morte do pequeno animal?

Agnus Dei (Cordeiro Pascal). Josefa de Óbidos. 1660-70. Óleo s/ tela. Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo © DGPC/ADF. Foto: José Pessoa. Fonte: Artmagazin Online
Foi, no entanto, a sua abordagem às naturezas-mortas, o que mais nos inspirou. A presença de objetos do quotidiano da altura, como os cestos, as cerâmicas e os tecidos, são retratos da época que nos são dados a conhecer, como se tivessem saído diretamente de revistas de tendências de decoração. Estas representações revelam-nos um vislumbre da vida na região de Alcobaça durante o século XVII.
Depois dos monges da Ordem de Cister receberem de D. Afonso Henriques (c. 1106, 1109 ou 1111 – 1185) a administração daquele território como Coutos, num tributo do apoio que prestaram à chamada reconquista, os mesmos implementaram por toda essa região — desde Óbidos (onde veio a residir e trabalhar Josefa) até à periferia do que viria a ser agora a cidade da Marinha Grande — a exploração em forma de Granjas, ou quintas.

E foi deste tipo de exploração agropecuária que surgiram os agora famosos pomares de maçãs e pêras, vinhas e ginjas. Mas não só... alguns dos célebres doces conventuais que conhecemos hoje também tiveram as suas origens aqui, como o pão de ló e os doces que, à altura das obras de Josefa de Óbidos, não deveriam ser de fácil acesso fora dos mosteiros.
Tudo isso veio parar às telas da artista de forma muito apelativa, mesmo para o nosso gosto contemporâneo, onde surgem mesas decoradas com cestas e taças, envolvidas por flores, e repletas dessas frutas e doces. Tudo muito colorido e vistoso, numa disposição com um evidente toque feminino, mas também de grande valor histórico.

Natureza morta com doces e barros. Josefa de Óbidos. 1676. Óleo s/ tela. Biblioteca Municipal Braamcamp Freire de Santarém. Fonte: É um oceano
Ousámos elaborar uma das nossas soluções de iluminação, o candeeiro de mesa Josefa, como uma reinterpretação da estética dessas telas. Recorrendo à olaria para dar forma ao corpo principal, com feitio de pote e com motivos geométricos em baixo-relevo. As suas cores alegres e vivas — como o rosa ou o verde — completam a peça com o toque feminino que Josefa incorporava nos seus quadros.

Acabamentos e abatjoures disponíveis (da esq. para dir.): Verde Padrón com Abatjour Ráfia, Rosé com Abatjour Baunilha e Amêndoa com Abatjour Ráfia. © After Hall 2024
Para finalizar, adicionámos duas alternativas para adornar esta peça. Um abatjour feito à mão, em ráfia natural com nós, inspirado nos cestos representados nas naturezas-mortas da artista. E outro em algodão, de tom branco, ideal para os amantes de um estilo mais clássico e suave.
Quer esteja iluminado ou não, consegue aludir e dar vida a ambientes como os retratados nessas telas, mas também de integrar-se plenamente em contextos contemporâneos e arrojados, com a sua presença entusiástica e irreverente inspirada nas obras de Josefa.

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Foto de capa: Natureza Morta com flores, doces e cerejas. 1676. Josefa de Óbidos. Óleo s/ tela. Biblioteca Municipal Braamcamp Freire de Santarém, Portugal. Fonte: Discover Baroque Art – Museum With No Frontiers (MWNF).