Agora a brincar... Já viram um pião de madeira deste tamanho? Do tamanho da nossa fruteira e centro de mesa? Lembrámo-nos de levar a forma do pião para a mesa e trazer à memória um dos jogos de infância favoritos das gerações das brincadeiras tradicionais: o jogo do pião.
Também havia o jogo do lenço, da macaca, do mata, da cabra-cega, do macaquinho do chinês… Brincadeiras de pôr a mão na massa, de correr muito para as partidas, largadas, fugidas. Gritar nomes uns aos outros até se ficar roxo. Transpirar até encharcar roupa e cabelo e ter de explicar em casa o que nos tinha acontecido.

"Meninos de Quadrazais balhando o pião há 50 anos". Autor desconhecido. Fonte: capelaarraiana.pt
O jogo do pião fascina-nos pelo efeito do equilíbrio dinâmico e do equilíbrio estático ou, por outras palavras, o rodopio e o repouso. Equilíbrio dinâmico resultante do impulso inicial dado pelo cordão (ou guita), que depois de enrolado ao pião se puxa enquanto se atira ao chão para que este fique a rodopiar. As nossas fruteiras ainda apresentam os rasgos de tanto se enrolar o cordel!

Fruteira Pião (esq.) e Fruteira Guita (dir.), ambas em madeira de Acácia-Austrália. © After Hall 2024
A dinâmica da partilha é outra característica desta peça. Haverá especialidade mais portuguesa que o gosto de partilhar à mesa? Já não é preciso pedir e esperar impacientemente pela nossa vez de escolher a fruta depois da refeição. Não, não, agora basta girar a fruteira para o lado que for mais conveniente!

Mantivemos o material original do pião, a madeira, mas tivemos o cuidado de retirar a ponta metálica para evitar danos nas mesas, caso não se resista a tanta nostalgia e a queiram ver em ação. Além disso, quando está pousada, depois de tanto girar, fica com a imagem típica do herói que repousa após árduas tarefas (como arrumar a cozinha ou lavar a loiça) …
Para os menos aventureiros, adversos a brincadeiras de grandes velocidades, retirámos o cone do pião e ficámos com a versão rasa, a Fruteira Guita, menos agitada. Capaz da sua contribuição para a tão desejada estabilidade doméstica. Mas menos divertida, informamos já!
Agora a sério. O que se pretende é realçar a importância da brincadeira nas nossas relações do dia a dia, formas de diversão que contribuem para as fortalecer, para nos tornar mais próximos uns dos outros, para nos conhecermos melhor, para participarmos em momentos marcantes que nos unem e onde se constroem memórias. No fim, fazem os nossos dias mais felizes.
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Foto de capa: Jogo do pião. Lisboa. Anos 40. Autor desconhecido. Fonte: Reddit.